O comportamento acústico em anfíbios é bastante estudado e os anuros podem apresentar um vasto repertório vocal. Entre os tipos de canto, o canto de anúncio com função de atrair as fêmeas para a reprodução, é o mais comum e espécie específico. Já os cantos defensivos, como o canto agonístico, são utilizados em contextos de risco de predação, tendem a não possuir uma assinatura específica e, apesar de serem comumente descritos, os contextos comportamentais ainda são pouco estudados. Buscando compreender e quantificar o conhecimento atual sobre os cantos defensivos em anuros no Brasil, realizamos uma revisão bibliográfica sistemática em bases de dados científicas entre janeiro e junho de 2020, utilizando 90 combinações de palavras-chave em 3 idiomas. Para o Brasil encontramos 54 artigos sobre cantos defensivos de anuros. Destes, 29 continham a descrição de canto agonístico para 60 espécies de anuros, distribuídas em nove famílias.Alguns fatores ambientais e o tamanho corporal do indivíduo podem influenciar os parâmetros acústicos. No entanto, mesmo para a temperatura do ar que foi a variável ambiental mais frequente nos estudos, apenas 62% dos estudos mediram este parâmetro. Para o tamanho corporal, esta porcentagem é ainda menor, 31% dos estudos registraram o tamanho dos indivíduos gravados. Entre os parâmetros acústicos descritos para os cantos agonísticos dos anuros, a frequência dominante, foi medida em todos os artigos e a duração do canto, medido em 79% do total. Nos trabalhos avaliados encontramos seis contextos comportamentais em que o canto foi emitido nos trabalhos e os estímulos manuais foram os mais utilizados. A maioria das descrições de canto agonístico foram para anuros apenas machos (66%), 23% apenas fêmeas e 13% dos estudos utilizaram ambos os sexos para a descrição. A maior parte das descrições (66%) utilizou apenas um indivíduo. Nossos resultados mostraram que apenas 5,4% das espécies de anuros brasileiros possuem seus cantos agonísticos descritos, revelando pouco conhecimento sobre este comportamento nos anuros brasileiros. Encontramos uma tendência de padronização dos parâmetros acústicos utilizados para descrever os cantos defensivos. No entanto, o mesmo não foi observado para os estímulos que foram testados na emissão do canto, o que pode dificultar a compreensão do comportamento e sua funcionalidade. Identificamos grandes lacunas de conhecimento sobre os contextos comportamentais e a funcionalidade desse tipo de canto, uma vez que a maioria dos trabalhos utiliza poucos indivíduos, com registros de observações ocasionais e não sistematizadas. Essas práticas podem ocasionar possíveis equívocos sobre a função dos cantos emitidos e impossibilitando análises ecológicas e sobre o contexto evolutivo do comportamento defensivo.
Comissão Organizadora
Thaiseany de Freitas Rêgo
RUI SALES JUNIOR
Comissão Científica
RICARDO HENRIQUE DE LIMA LEITE
LUCIANA ANGELICA DA SILVA NUNES
FRANCISCO MARLON CARNEIRO FEIJO
Osvaldo Nogueira de Sousa Neto
Patrício de Alencar Silva
Reginaldo Gomes Nobre
Tania Luna Laura
Tamms Maria da Conceição Morais Campos
Trícia Caroline da Silva Santana Ramalho
Kátia Peres Gramacho
Daniela Faria Florencio
Rafael Oliveira Batista
walter martins rodrigues
Aline Lidiane Batista de Amorim
Lidianne Leal Rocha
Thaiseany de Freitas Rêgo
Ana Maria Bezerra Lucas